sexta-feira, 3 de maio de 2013

2013 PONTO UM: mais uma tentativa de atualizar este blog



É engraçado que vira e mexe aparece no meu email um comentário ou outro de gente que leu algum post antigo deste blog. A maioria parece ser comentário de adolescentes e eu fico pensando em como essa pode ser uma ferramenta importante, por vários aspectos, mas sobretudo porque é um blog de um curso de Licenciatura que está, nas proporções possíveis, dialogando com estudantes do ensino básico.

Então, eu acho que vou continuar insistindo na alimentação dele.

No semestre passado a gente bem que tentou. Eu mudei a cara do blog (mas não gostei do resultado, acho que vou mudar de novo), postamos algumas coisinhas de Estética do Oprimido, mas também não fomos muito longe. Coisas de Dramaturgia, nem postamos, e olha que produzimos muito. Em Dramaturgia I - Introdução ao Estudo do Texto Dramático, produzimos textos dramáticos (dãããã), construídos pelos estudantes da disciplina. Em Dramaturgia III - Vanguardas do Século XX e Teatro Contemporâneo, produzimos trabalhos cênicos a partir dos princípios do Teatro Essencial. E em Estética do Oprimido, produzimos uma edição do Projeto Prometeu e uma encenação de um Teatro-Fórum, sobre a situação da Xerox no nosso campus.

Isso, sem falar no Engenho de Composição, né, mas esse tem seu próprio blog!

Neste semestre estou ministrando as disciplinas Dramaturgia II - Tragédias, Comédias e Drama Moderno e Metodologia da Pesquisa em Teatro, com os estudantes do 5º semestre de Teatro. Eles mesmos, que eram 3º semestre quando começamos este blog. Com o pessoal que agora é 3º semestre, não estou dando História da Arte, não, que agora se chama ESTILOS, POÉTICAS E PROCEDIMENTOS. Por conta de remanejamentos, vamos oferecer quando eles forem 5º semestre. Com eles estou fazendo a  disciplina ESTÁGIO EM CRIAÇÃO TEATRAL I - Teatro Realista e Teatro Épico.

Vamos ver se eu consigo estabelecer uma rotina de trabalho aqui para o blog. Se der, ótimo, é um lugar privilegiado de diálogo e de registro documental. Se não, no semestre que vem, eu venho aqui e e lamento de novo, fazer o que, né?

Abraços a todos os leitores.

Drica


E só pra esclarecer porque eu vim escrever tudo isso, é porque acidentalmente eu me encontrei de novo com esta preciosidade: Curtam mais uma vez, ou pela primeira vez. Depois dêem uma passada no post (clicando aqui) e leiam os comentários. Ah, podem comentar também, sempre!



domingo, 24 de fevereiro de 2013

60 e assiste, não!!! Cê levanta, entra e faz!

O Projeto 60 e Assiste: Uma hora de puro teatro nasceu dentro da disciplina FUNDAMENTOS DA EXPRESSÃO E COMUNICAÇÃO HUMANA II que foi ministrada por mim no semestre de 2011.1 com o então segundo semestre de Teatro, turma que entrou em 2011. A disciplina era teórica, mas a sede de palco dos meninos era grande. Assim, juntamos a fome com a vontade de comer. Como a ementa do curso dizia respeito à semiologia do teatro, fizemos na prática aquilo que estudávamos no papel.

E foi lindo ver aqueles meninos se deparando com a queda de seu mundo certinho. A insistência em se desligar dos códigos realistas, televisivos que são a grande maioria do nosso horizonte de expectativa. Desconstruir o texto, o sentido, o roteiro... reconstruir a cena, a fábula, o sonho.

Assim, seguimos, levando toda terça cenas para o público interno da UESB, geralmente os estudantes da noite que vinham conhecer nossos produtos.

E não é que a coisa foi ganhando prumo?

Com algumas falhas no começo, alguma dificuldade de manter a constância, fui fazendo aquilo que mãe faz: insistindo, estimulando, cobrando, punindo, apertando, abraçando, acompanhando os passos de cada estudante que vinha pra cena. E aos poucos, como sempre, dando espaço para que o estudante fosse ocupando este espaço que é dele, por direito e dever.

Assim, no segundo semestre de 2012 as coisas entraram mais nos eixos. Fomos para as quartas-feiras. Fizemos uma equipe coordenada por Caio Braga e Polly Kirlia mais diretamente e outros parceiros. Fomos garantindo que toda quarta tivesse, para que o público pegasse o costume. Fomos experimentando uma iluminação alternativa feita com retroprojetor, uma boca de cena com cortinas colegiais, senhas impressas e xerocopiadas, audiomídia e tudo mais. Era lindo de ver Caio e suia gente esquentada criando, no sentido mais artístico do termo. Milton Santos ficaria feliz de ver aquela resistência cultural. Estudantes do interior do Nordeste brasileiro usando o que tem nas mãos para promover uma revolução local - portanto global.

CLIQUE AQUI PARA VER MAIS SOBRE O 60 E ASSISTE

E, eis que o ano de 2013 começa e o 60 estreia com um especial de resultados de oficinas ministradas por mim. Há os que não sabem que por conta da greve, o calendário da UESB é meio torto e o ano começa mas o semestre ainda não terminou, ou seja, ainda estamos em 2012.2. Subversão total!

Por conta disso, imaginando que haveria problemas com a oferta de cenas, resolvi que as minhas disciplinas teriam resultados práticos a serem mostrados no 60, fazendo com que a gente mantivesse o projeto em dias e também socializasse nossos produtos cênicos, que só tem razão de existir, no palco.

E lá fomos nós apresentar a cena produzida em dois turnos de trabalho com o 6º semestre de Licenciatura em Teatro.


O tema escolhido para o Fórum foi a qualidade (ou não) dos serviços prestados pela Xerox do nosso campus.

O susto já começou na entrada. Tínhamos em torno de 200 pessoas num espaço que recebe frequentemente 80 pessoas. Fiquei até com medo. Os cartazes divulgando o assunto da cena fizeram um bom serviço E também, acho que a galera estava com saudade do 60!

Comemoramos a estreia dos quatro refletores PAR's comprados com fundos levantados com o chapéu passado nas sessões do 60 e do Engenho de Composição. Uma coisa linda de se ver! LITERALMENTE. Muito simples, a nova iluminação fez o que devia: ILUMINOU A BELEZA DE NOSSA EXISTÊNCIA!

Conforme os princípios e estratégias do Teatro-Fórum, os estudantes apresentaram a cena XEROX: UM PROBLEMA ORIGINAL, logo após a preparação da plateia que contou com uma música de abertura executada pelos atores, onde eram levantados os problemas dos estudantes no campus. Após a música o curinga (eu - Profª Adriana Amorim) fez a explicação da oficina, das teorias de Augusto Boal e alguns jogos para aquecimento da plateia.

Apresentada a cena - muito bem recebida pela plateia, com aplauso em cena aberta e mutia identificação com os problemas apresentados.

Finda a cena, fomos a uma breve leitura do que aconteceu, explicação de como proceder e reinício da cena.

A partir daí, meu amigo, o que se viu naquela sala, jamais será esquecido. Foram 5 espect-atores em cena, muita participação da plateia, grito de guerra, invasão do palco e por fim a redação coletiva de um abaixo assinado, com o auxílio da Profª de Leitura e Produção Textual Karine Cajaíba, exigindo providências em relação à licitação do serviço de Xerox. 128 estudantes assinaram o abaixo assinado. O Diretório Central de Estudantes do Campus comprou a briga e em parceria com a Profª (eu) e o representante estudantil da turma Matheus Xavier (nosso Tuzza) entrgou e protocolou o abaixo assinado, dois dias depois à Prefeitura de Campus, que se comprometeu a tomar providências e esclarecer as questões pontuadas no documento.

O documento foi xerocado e escaneado e será distribuído na rede e nos murais do campus.

Primeira folha das 6 folhas com assinaturas dos estudantes presentes

Além da questão da xerox, o evento acabou suscitando discussões no facebook sobre o curso de Letras do mesmo Campus. Esta discussão acabou gerando uma reunião ser realizada entre os estudantes do curso, em busca de melhorias. Mais um desdobramento que a gente nem imaginava, encabeçado por um espectador que participou como espect-ator do nosso fórum, Jefferson Barreto, estudante de Letras.

Não posso nem tentar medir o tamanho da minha alegria e da minha realização.

Depois de dois anos sendo professora desta turma, a turma estreante deste lindo e revolucionário curso, turma de 2010. Depois de dores e delícias, nos despedimos com essa alegria artística e política (isso é um pleonasmo, não é Boal?). Uma despedida terna e delicada, como merecemos que seja.

Na próxima quarta tem 60 especial TEATRO ESSENCIAL onde apresentaremos alguns princípios da queridíssima Denise Stoklos.

São esses artistas brasileiros da cena que fazem toda a diferença no palco e na vida.

São estes artistas do interior baiano, promovendo a revolução a partir da cena.

Que lindo foi ver aquele levante dentro de um teatro!

Que assim seja!


domingo, 3 de fevereiro de 2013

REFLEXÕES DE UM 'DESOPRIMINDO'

Por Palmeiron Andrade*



São tantas coisas acontecendo ao mesmo tempo, que por vezes algumas delas passam sem que sejam percebidas, mesmo eu me trabalhando sensivelmente para aprender a ver e sentir além do óbvio. Na tarefa árdua da escrita e de viver, ao tentar desmascarar situações opressivas presentes próximas ou não, corro o risco de permanecer apenas na superficialidade da discussão.

Tendo consciência de que em determinadas circunstâncias “ir mais fundo” representa sair do comodismo e falar de coisas que tenho consciência do quanto sejam más, porém no momento da fala/ação não sei ou não consigo me expressar como gostaria. Isso felizmente não acontece em demasia, mas não é sempre que ao presenciar ou participar de situações opressivas tenho coragem e resistência suficientes para me posicionar contra.

Pois bem, gostaria mesmo assim de levar ao conhecimento dos colegas um pouco do pensamento crítico que tenho construído ao longo de minha permanência no curso de teatro e agora, especificamente fazendo parte da disciplina Estética do Oprimido. Se perceber nesse momento me dá a sensação de estar sendo libertado, adquirindo poder transformador.

Vou tentar aqui observar uma empresa presente em Jequié no que diz respeito às opressões e danos causados aos seus funcionários através de sua política de funcionamento, essa trabalha com o chamado: “Quadro reduzido”. Diminui o número de funcionários ao máximo sobrecarregando as atividades e horários daqueles que por fatores externos são obrigados a permanecer. “Mas isso não é um espetáculo.”

Entre outras que para mim também adotam um regime abusivo de funcionamento escolhi a empresa “G” como objeto dos meus comentários. Ela obriga que seus escravos trabalhem todos os dias sem direito a feriado, final de semana e horário fixo de trabalho, mas entendo que, além disso o que se torna mais grave ainda é a privação de desenvolvimento intelectual e sensível causada a essas pessoas. Digo isso porque conheço alguns dos trabalhadores que ainda permanecem por lá e sei o quanto quiseram, mas deixaram de ir a espetáculos e movimentos teatrais que discutem temas variados das relações cotidianas por conta do trabalho. Não puderam estar em shows de música e de dança que eu os convidei. Arte liberta.

Em cinco anos, quantos finais de semana e feriados perderam longe da família, amigos, viagens, poesias e passeios? Da vida? E não é preciso ser especialista em nada para perceber que historicamente as pessoas não têm acesso a elas mesmas e de determinada forma também contribuem com a permanência dessas estruturas por permanecerem imóveis em situações opressivas.

Os poderosos gostam muito disso.



 “Trabalhadores é hora de perder a paciência.”

A possibilidade de inverter os lados é nossa se somos nós que sofremos tais angústias, precisamos boicotar, deixar de comprar na empresa “G”, nós trabalhadores precisamos exigir, estranhar, não se acostumar, não ouvir a fala do especialista, do economista.

Por que as coisas estão assim? Quem é que deseja que continuem assim? Há casa para todos, terra para todos, comida e roupa? Só precisamos perder a despreocupação.


*Palmeiron Andrade é estudante do 6º Semestre de Licenciatura em Teatro na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - Campus Jequié. Artista plástico, ator, cantor.


REFERÊNCIAS:

BOAL, Augusto. Jogos para atores e não atores. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 14º ed. 2011.
BOAL, Augusto. Teatro do oprimido e outras poéticas políticas. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 11º ed. 2011.

ESPETÁCULO TEATRAL: ESTE LADO PARA CIMA, Brava Companhia. São Paulo. Brava Companhia, 2012.

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Alquímicos para a Subjetividade e Objetividade da Arte

Eis que retorno a este espaço cibernético. Adoro! E pela primeira vez como parte de uma disciplina da graduação em Teatro que faço. (UESB/Jequié - Licenciatura em Teatro).

Opps!
Olá queridos leitores, hoje postarei apenas um vídeo meu, tocando uma música que fiz com o poema "Minha Alegria" do multi-artista Waly Salomão. Mas porque? qual a relação? e se eu postasse outra coisa? Enfim, este foi o ato ao qual os textos "A Subjetividade da arte" e "A Objetvidade da arte" de Augusto Boal fomentaram o ato.

Espero que gostem. E não deixem de voltar sempre aqui para contribuirem com o blog ;)

Evoé Sertanez



segunda-feira, 5 de novembro de 2012

ANALFABETISMO ESTÉTICO




"Sempre lamentamos que nos países pobres, e entre os pobres dos países pobres, seja tão relevante o número de pré-cidadãos fragilizados por não saberem ler nem escrever; o analfabetismo é usado pelas classes, clãs e castas dominantes como severa arma de isolamento, repressão, opressão e exploração.

Mais lamentável é o fato de que também não saibam falar, ver, nem ouvir.

Esta é igual, ou pior, forma de analfabetismo: a cega e muda surdez estética.

Se aquela proíbe a leitura e a escritura, esta aliena o indivíduo da produção de sua arte e da sua cultura, e do exercício criativo de todas as formas do Pensamento Sensível. Reduz indivíduos, potencialmente criadores, à condição de espectadores.

A castração estética vulnerabiliza a cidadania, obrigando-a a obedecer mensagens imperativas da mídia, da cátedra e do palanque, do púlpito e de todos os sargentos, sem pensá-las, refutá-las, sequer entendê-las.

O analfabetismo estético, que assola até alfabetizados em leitura e escritura, é perigoso instrumento de dominação que permite aos opressores a subliminal Invasão dos Cérebros!

As ideias dominantes em uma sociedade são as ideias das classes dominantes, certo, mas por onde penetram essas ideias?

Pelos soberanos canais estéticos da PALAVRA, da IMAGEM e do SOM, latifúndios dos opressores!

É também nestes domínios que devemos travar as lutas sociais e políticas em busca da sociedade sem opressores e sem oprimidos!

Um mundo novo é possível: HA QUE INVENTÁ-LO!"


AUGUSTO BOAL - ESTÉTICA DO OPRIMIDO (primeira parte da introdução - P. 15)


segunda-feira, 29 de outubro de 2012

DRAMATURGIA E ESTÉTICA DO OPRIMIDO

Aos leitores e companheiros de blog. Aos antigos colaboradores:

Nosso blog volta com tudo, com novos assuntos, imerso em novas disciplinas.

Agora os estudantes de Dramaturgia 1, Dramaturgia 2 e Estética do Oprimido estão livres para criarem posts e inciarem debates e tudo mais que é possível fazer num blog, a partir das nossas viagens nos encontros das disciplinas em questão.

Vamos ver como será essa nova viagem.

Em Novembro temos o Projeto Prometeu, na disciplina Estética do Oprimido.

Em Drama 1, teremos produção de texto dramático pelos estudantes.

Em Drama III, teremos produção de solos a partir dos princípios do Teatro Essencial de Denise Stoklos.

Tá ou num tá demais esse semestre?

Isso nem parece escola, parece um jardim das delícias (só pra homenagear a História da Arte e seus ex-participantes).

Como diria meu amigo-irmão Roberto Abreu: Evoé!

Jardim das delícias terrenas -  Hieronymus Bosch - 1504

domingo, 29 de julho de 2012

SOU FRIDA

Alma sentida.

Alma de Frida.

Soul Frida.

Frida Soul

Sem ferida.

Sem frieza.

Sem tristeza.

Super supera superare.

Amare, Diego, Amare.

Sou Frida, sem ferida.

Que minha alma, azul e vermelha, é comunista.

Que minha fome é intensa.

E minha vida é tela.

Frida

Surrelista, sur.

Vuelvo ao sur.

Queime a cama, Frida.

E viva a chama.




(Adriana Amorim para a Frida que há em mim)





sábado, 28 de julho de 2012

MALDIÇÃO - ZECA BALEIRO





Baudelaire, Macalé, Luiz Melodia

Quanta maldição!
O meu coração não quer dinheiro, quer poesia!
Baudelaire, Macalé, Luiz Melodia
Rimbaud - A missão
Poeta e ladrão
Escravo da paixão sem guia
Edgar Allan 'poem' tua mão na pia
Lava com sabão tua solidão
Tão infinita quanto o dia
Vicentinho, Van Gogh, Luiza Erundina
Voltem pro sertão
Pra plantar feijão
Tulipas, para a burguesia
Baudelaire, Macalé, Luiz Melodia
Waly Salomão, Itamar Assumpção
O resto é perfumaria

domingo, 22 de julho de 2012

AS GUERRAS E AS TELAS 01 - Delacroix

As guerras sempre assustaram os artistas. Mas, nem por isso deixaram de ser temas de suas criações, quer seja pela alegria do resultado da guerra, como no caso de Delacroix, quer seja pelo seu horror chocante, como será mais tarde em Picasso e sua Guernica.

O fato é que os artistas estão direta e intimamente ligados ao que acontece ao seu redor, sendo por vezes uma espécie de filtro dos acontecimentos do mundo.

Assim, quando desejamos olhar para trás historicamente, quando desejamos compreender nosso passado, essa compreensão passa pela apreciação e análise de obras de arte. Pinturas, dramas, poesia, canções.

Documentos e fatos históricos não dão conta dos registros da alma em momentos limite como são os tempos de guerra. É olhando para algumas obras que parecemos nos conectar com o povo que viveu aquela experiência.

Comecemos pelo Romântico Delacroix e sua inspiradora obra A LIBERDADE CONDUZINDO O POVO, de 1830:

Inspirada na Revolução de 1830, essa obra é dominada pelas cores azul, vermelha e branca (BBMP!).



A Liberdade Guiando o Povo - Delacroix - 1830

A tela é uma alegoria à França, à liberdade e ao povo francês. Delacroix não tomou parte nos conflitos mas presenciou todas as batalhas. Naquele ano os franceses tomaram as ruas de Paris para forçar a abdicação do novo monarca, Carlos X. O quadro foi pintado com entusiasmo, para glorificar a democracia e exaltar a Revolução, que conduziu Luiz Felipe ao poder.

Exposta no Salão Oficial em 1831, a tela foi um sucesso e afirmou sua superioridade sobre os demais jovens pintores românticos da época. Mais tarde, seu amigo Alexandre Dumas contou que, na verdade, Delacroix estava muito assustado com a Revolução. O medo passou apenas quando ele viu a bandeira do Império tremulando na catedral de Notre-Dame.

"Só aí o entusiasmo o contagiou e ele glorificou aquele povo que, a princípio, o havia apavorado", lembrou Dumas.

A Liberdade Guiando o Povo fecha o ciclo das quatro obras da juventude de Delacroix (as outras são A Barca de Dante, Os Massacres de Schios e A Morte de Sardanapalo).



A Barca do Inferno de Dante - Delacroix - 1822



O Massacre de Shios - Delacroix - 1824



A Morte de Sardanapalo - Delacroix - 1927



FONTE: PINACOTECA CARAS. Vol. 21

sábado, 21 de julho de 2012

A BELEZA DENTRO E FORA DAS TELAS




A beleza no século XV trouxe as mulheres roliças com ancas e seios fartos, com a pele clara, pescoço e mãos longas e cabelos loiros, isso quanto retratamos da pintura. Porém esse ideal de beleza foi aos poucos conquistando as mulheres da época, já que as pinturas renascentistas possuíam características realista e naturalista. Então para esse período as “gordinhas” tinham um privilégio.  Se observarmos algumas obras desse século podemos notar essas características de beleza como, A Primavera de Sandro Botticelli e Senhora com um Arminho de Da Vinci.



A Primavera - Sandro Botticelli



A Senhora com um Arminho - Leonardo Da Vinci




No entanto para as mulheres alcançarem este padrão de beleza, tinham que usar frequentemente maquiagens e alguns cosméticos que não eram tão elaborados, para clarear a pele e o cabelo, e que colocaria suas vidas em risco. Acredito que assim como nos tempos atuais onde muitas mulheres utilizam métodos cirúrgicos em prol da beleza, principalmente no que a mídia favorece, sem pensar nas consequências e sim no status que o corpo e a beleza lhe proporcionarão.  As mulheres do século XV não pensavam muito nas consequências do uso desses cosméticos, mas em desfilar com a pele alva e com as maças do rosto marcadas para dar um “ar” de saúde e com seus cabelos longos e louros.


Assim a beleza deixa as telas dos artistas e passa a ser a idealização das mulheres. Os padrões de beleza torna-se um referencial para cada período histórico, até os tempos atuais. E graças a essas tentativas na área da cosmética, hoje podemos utilizar cosméticos mais preparados e menos prejudicial a nossa saúde, para também nos tornarmos “BELAS”.


(Texto: Kamila Dias)

sexta-feira, 20 de julho de 2012

A COLHER NÃO EXISTE - mas a fome é espessa

"A colher não existe - The Matrix"
"(...)

Hamlet - Delacroix



Como todo o real
é espesso.
Aquele rio
é espesso e real.
Como uma maçã
é espessa.
Como um cachorro
é mais espesso do que uma maçã.
Como é mais espesso
o sangue do cachorro
do que o próprio cachorro.
Como é mais espesso
um homem
do que o sangue de um cachorro.
Como é muito mais espesso
o sangue de um homem
do que o sonho de um homem.

Espesso
como uma maçã é espessa.
Como uma maçã
é muito mais espessa
se um homem a come
do que se um homem a vê.
Como é ainda mais espessa
se a fome a come.
Como é ainda muito mais espessa
se não a pode comer
a fome que a vê. 

(...)"


João Cabral de Melo Neto - O cão sem plumas

Eu quero fazer uma declaração de amor aos estudantes do terceiro semestre de Teatro e de Dança da UESB. Eu quero fazer uma declaração atravessada de amor aos estudantes do quinto semestre de Teatro e Dança da UESB e quero fazer uma declaração antecipada de amor aos estudantes do primeiro semestre de Teatro e Dança da UESB. E quero fazer uma declaração arrojada de amor aos que talvez um dia se inscrevam no vestibular para Teatro e Dança na UESB.


Eu quero dizer que vocês fazem parte da minha vida e que cada livro que leio para e por vocês, cada tela que vejo, analiso e devoro, cada filme que assisto, cada dente que escovo, cada coisa que passa pela minha vida contém vocês, porque o professor é um condenado. O professor está condenado a pensar em seus alunos em cada pequeno gesto que faz, em cada respiração, em cada reflexão.

O professor está condenado a ser pensador destas almas que generosa, calada e ingenuamente se nos entregam e ficam com aqueles olhos de criança esperando um pedacinho de pão.

Quero dizer a todos que cada grito, que cada palavra dura que cada vez que eu disse EU DESISTO, era o momento em que eu mais os amava. E doía em mim que não encontrassem ecos em si, minhas palavras bem intencionadas.

Esboço de Da Vinci
Quero dizer que se cruzei as barreiras e limites, foi por puro excesso de paixão e que cada vez que parecia que eu não acreditava em vocês, era porque acreditava mais do que desejaria.

Ensinar disciplinas, métodos, história e fundamentos de arte é uma experiência que estrangula, que nos dilacera pelo contraste, pelo empurra-empurra que faz na alma e na mente, pelo abismo no qual nos joga.

Depois de ter vivido e trabalhado em São Paulo e em Salvador, me desespero na aparente aridez do Rio das Contas, e confesso que me canso, me entristeço e quase desisto. Sinto falta de fome estética, sinto falta de repertório, sinto falta de pares para dialogar quando estou na sala de aula. E o que mais dói é que parece que estou falando sozinha, que vocês me estranham e me detestam.

Mas, não sou tão ingênua, nem ao menos tão pedante.

Não há erro em vocês. Há um descompasso no que eu queria que fosse e no que de fato é.

E o que de fato é, é de fato.

O fato é que a arte e sua experiência criadora está em todo e qualquer lugar onde estiver um ser humano. O fato é que talvez eu ainda não tenha alcançado o ponto chave onde nós nos entenderemos e produziremos lindas coisas neste lugar. O fato é que estou procurando algo que ainda está para ser construído e que em nada parece com São paulo, Rio ou Salvador. O novo ainda está para ser criado.
Surrealismos de Magritte
O fato é que a realidade é um fardo e que tudo aquilo que não existe é o que temos como matéria prima.


O fato é que o milho pipoca barulhento na panela e o que parece uma festa, começa lento e toda a algazarra não é mais do que o milho se descobrindo pipoca. Um a um. Cada um a seu tempo, à sua temperatura.


Saibam, meus caros estudantes, parceiros de sala de aula: uma vez tendo encontrado comigo, eu os carregarei constante e eternamente em mim e tudo que vejo, penso e lembro está repleto de vocês.
Nossa Unidade acaba aqui e que ironia essa, posto que unidade é o que não temos nem queremos.
Nosso Renascimento acaba aqui e que ironia essa, posto que é agora que renascemos.

Nosso post acaba aqui e que ironia essa, posto que o post ainda posta.

Eu amo vocês, todos que são, foram ou serão estudantes de aulas minhas. Eu sou tudo o que vocês fazem de mim.

Eu sou uma professora de arte.


Felipe Camargo como Dante Viana em Som e Fúria


terça-feira, 17 de julho de 2012

É fotografia ou é pintura?


Ser ou não ser?
                                       (Só pra lembrar Hamlet. LINDO!!!!)

                         Velásquez aparece nos acréscimos da prorrogação



 Não é por acaso que esse artista é considerado um dos maiores do período barroco. Diego Velásquez, pintor espanhol, teve grande notoriedade ao pintar quadros tão realistas que mais pareciam fotografias. Geralmente ele é celebrado pela sua famosa pintura As Meninas, quadro que representa a família real, com muita perfeição por sinal. Nessa pintura vemos os planos bem definidos, os detalhes nos cachos e nos laços dos cabelos, nas sombras dos vestidos, na perfeição do cachorro, enfim, são inúmeras as minúcias de sua obra, como também são muitas as discussões em torno de sua interpretação. Muitos autores acreditam, e eu concordo imensamente, que este quadro pode ser lido de várias formas e de diferentes pontos de vista, na verdade acho que toda obra de arte é, ou pelo menos é o que se propaga por aí.
Uma das grandes discussões em torno da obra é a figura do próprio Velásquez, que aparece pintando, sabe Deus o quê. Qual sua intenção? Pois como sabemos, Velásquez era um pintor da corte e muito provavelmente, essa obra foi feita por encomenda, pura especulação como diria Drica, e isso nos aguça a curiosidade em saber o que ele estaria pintando. Seria As Meninas? Ou apenas um dos personagens que aparecem no quadro? Ou apenas a infanta Margarida, que dizem ser a personagem principal do quadro? Ou seria ele mesmo? Sinceramente, não sei. Outra coisa, se é um retrato da família real, onde estão o rei e a rainha? Para Focault eles aparecem em um quadro ao fundo da figura e é justamente esse quadro que estaria sendo pintado por Velásquez dentro de As Meninas.   Enfim, essa belíssima obra é alvo de muitas discussões em várias áreas do conhecimento, como literatura, artes, sociologia e inclusive na psicanálise. Freud explica. Cabe a nós leitores-artistas ou artistas-leitores pensarmos sobre quão prisma contemplar a obra, ou apenas simplesmente contemplar!!
 Porém o que chama a minha atenção em Velásquez não é este quadro, As Meninas, apesar de gostar muitíssimo, mas os quadros que representavam pessoas do quotidiano, as pessoas comuns em suas atividades mais triviais. Como um belo exemplo, temos um que particularmente considero lindo, que é a velha fritando ovos.

 
Que delicadeza! Que poesia! O pintor da corte consegue colocar na tela com precisão o realismo da cena, que por sinal não seria acaso criador pra muita gente. Observe o detalhe dos ovos, a perfeição dos objetos, as expressões que não só revelam a idade da mulher, mas revelam sentimento, emoção, forte característica barroca, a expressão do menino, as dobras do lenço! Isso prova que ele tinha muita intimidade com suas ferramentas de trabalho. As cores, os tons quentes, o fundo escuro dando profundidade a pintura, tudo conspira a favor da arte. Que nobreza! Que genialidade!!! Sem mencionar os personagens da pintura, que sem sombra de dúvida não parecem com ninguém da corte.          
                         
                                                                                                                               Ione

 PROENÇA, Graça. História da Arte. São Paulo: Ática, 2005.

 MARQUES, Oswaldo Enrique. Reflexões sobre as meninas. Revista Filosofia. 
 http://filosofia.uol.com.br/filosofia/ideologia-sabedoria. Acessado em: 16-07-12









BARROCO NO BRASIL: ALEIJADINHO



Antônio Francisco Lisboa - 1738/ 1814

Era o nome completo do Aleijadinho, nascido em Vila Rica, em 1738, filho bastardo do português Manuel Francisco Lisboa e de uma escrava, Isabel. Tendo nascido escravo, foi libertado pelo pai no dia de seu batizado.

Entalhador, escultor e arquiteto, trabalhava madeira e pedra-sabão, de que foi o primeiro a fazer uso na escultura. Considera-se que tenha aprendido o ofício com o próprio pai e outros mestres, José Coelho Noronha e João Gomes Batista. Mas é provável que sua genialidade criativa tenha prevalecido sobre as lições aprendidas.

Quase tudo o que se sabe sobre a vida de Aleijadinho vem de uma memória escrita em 1790, pelo segundo vereador de Mariana, o capitão Joaquim José da Silva, e da biografia escrita por Rodrigo José Ferreira Bretãs, publicada em 1858. Ultimamente, sua vida e obra têm despertado o interesse de estudiosos dentro e fora do país, embora permaneçam ainda muitos pontos controvertidos.

Uma grave doença o acometeu aos 39 anos de idade. A enfermidade deformou seu rosto e atacou seus dedos dos pés e das mãos, donde lhe veio o apelido. Apesar da doença, continuou a trabalhar incansavelmente, sendo auxiliado por três escravos: Januário, Agostinho e Maurício. Era este último que amarrava as ferramentas nas mãos deformadas do mestre.

Disponível em:http://taislc.blogspot.com.br/2008/09/barroco-no-brasil.html. acesso em 13/07/12

Luzinete Queiroz
Luemcena

segunda-feira, 16 de julho de 2012

QUEM FOI RAPHAEL SANZIO ?

Renascimento na Itália

Raphael Sanzio.1506

      Ao acompanhar a evolução da arte, podemos dizer que Rafael Sanzio foi uma personalidade á frente de seu tempo,viveu intensamente, produziu muito, abusou dos amores carnais e morreu jovem, deixando um legado artístico que até hoje impressiona e desperta grande interesse em estudiosos e amantes da arte.

        Rafael Sanzio nasceu em 6 de abril de 1483, em Urbino, uma província na região de marcas, no centro da Itália.Ainda criança Rafael começa já a estudar desenho e perceptiva no ateliê do pai, sendo acompanhado de perto a cada traço.Este Incentivo foi crucial para que Rafael desenvolvesse tão precocemente o enorme talento que tinha e viria encantar o mundo por séculos.

Fato que Rafael era dono de uma talento enorme, com uma autodefesa para uma vida . cercada de incertezas e duras perdas desde o inicio. Assim, da mesma forma que o mundo viu a carreira do pintor de Urbino deslanchar de maneira meteórica, viu sua vida chegar ao fim também precocemente, em 1520.


As causas de sua morte são fruto de desencontros e curiosidades. Segundo Vasari, esta teria sidopelos excessos de uma noite de amor, uma vez que, belo e jovial era reconhecidamente um amante intenso. Rafael Sanzio faleceu no dia 6 de abril de 1520, uma sexta-feira santa,curiosamente no dia em que completava 38.


Umas de suas obras mais conhecidas são:




A transfiguração (1517-1520)

A Transfiguração é uma pintura, considerada a última e uma das mais importantes obra de Rafael Sanzio (1483-1520), baseada na Transfiguração de Jesus, descrita no Novo Testamento da Bíblia, no livro de Mateus, capitulo 17, versículos 1 a 13. Foi encomendada em 1517, pelo Cardeal Giulio de Medici, posteriormente Papa Clemente VII. A obra desvia de seu estilo sereno e apresenta uma nova sensibilidade de um mundo turbulento e dinâmico, tende em direcção a uma expressão chamada de Barroco.





O casamento da virgem (1504)

Em sua primeira obra de realce, O casamento da Virgem (1504), a influência de Perugino evidencia-se na perspectiva e na relação proporcional entre as figuras, de um doce lirismo, e a arquitetura. A disposição das figuras é, no entanto, mais informal e animada que a do mestre.



A Escola de Atenas, 1509.

"Escola de Atenas" é uma alegoria complexa do conhecimento filosófico profano. Mostra um grupo de filósofos de várias épocas históricas ao redor deAristóteles e Platão, ilustrando a continuidade histórica do pensamento platônico.

É NOIS RENASCIMENTO NA ITÁLIA

Polly Kirlya

Ideias baseada na pesquisa e texto de


Luciana Inhan e Tiago Freitas. Renascimento: uma Europa renovada através das obras de Leonardo da Vinci, Michelangelo, Sandro Boticelli e Rafael Sanzio. Ed. Escala. São Paulo, 2008. (p.147-152)


"A MONA LISA DE VERMEER"

                         

“A moça do brinco de Pérola” é considera a Mona Liza de Vermer, onde é retratada uma bela jovem que provavelmente existiu pois o artista tinha como estilo pintar pessoas em cenas do cotidiano e principalmente mulheres.









"Rapariga com Brinco de Pérola" (c.1665), a pintura original de Vermmeer.








O quadro deste maravilhoso pintor do século XVII inspirou Tracy Chavalier a escrever uma ficção  de amor e arte entre o artista e moça. Assim foi adaptado para o cinema por Peter Webber em 2003.
O filme conta à história de uma jovem empregada domestica que vai trabalhar na Casa de johanes Vermeer, ela demonstra uma afinidade muito grande com a pintura e isso era muito intrigante visto que as mulheres da época não se interessavam pela pintura, também era um trabalho considerado para homens.
O pintor se encanta pela beleza de sua criada e pelo seu jeito principalmente por ela se interessar pela estética em arte, ela começa a ajuda-lo em seus trabalhos e ele a ensina técnicas de pinturas. O filme não mostra cenas de abraços e beijos, porém deixa um clima de paixão no “ar”, momento de troca de olhares esbarrões provocando tensão ao espectador.
O ápice do filme se da quando Vermeer Fura orelha da moça e assim à pinta com o brinco de Pérola de sua esposa a qual fica enlouquecida de ciúme.
Comparação entre o quadro e o plano do filme " Moça com Brinco de Pérola"


                                Cena do Filme “A moça com o brinco de Pérola”

Por: Solange Souza,  Jamile Santana, Caio Braga e  Mylena Edna.


Referências:
http://www.ufscar.br/rua/site/?p=4220 (Revista Universitária do áudio Visual)