terça-feira, 3 de julho de 2012

Bosch: Sagrado e Profano


Bosch viveu em Hertogenbosch, cidade conhecida como "pequena Roma" por ser pólo religioso dos Países Baixos, do Renascimento italiano. No sul houve uma ruptura cultural em relação ao período medieval, através da retomada de elementos formais e temáticos da cultura clássica e da revalorização da razão humana. Na região setentrional não houve essa ruptura, mas sim um desdobramento da arte gótica, que não negou indefinidamente o misticismo medieval, mas agregou-lhe alguma inovação como um maior naturalismo e sofisticação técnica decorrente dos avanços tecnológicos da época (tinta a óleo, tela, etc). É por isso que o imaginário popular medieval é marcante na arte de Bosch. Entre as técnicas aprimoradas no período Gótico que influenciaram sua arte estão o tratamento minucioso das figuras, vindo das iluminuras, e as representações alegóricas. As alegorias, que surgiram no início do cristianismo, mas foram implementadas e acabaram caracterizando a arte medieval, tornam-se singulares na arte de Bosch pelo entrelaçamento de um tratamento naturalista e fantástico que dava aos seus personagens como podemos ver em A Morte e o Avarento.


A Morte do Avarento - Bosch

Os trabalhos de Bosch carregam um rico repertório simbólico e refletem preocupações moralistas. Bosch pinta cenas da vida de Cristo ou de santos confrontados com o mal, visões apocalípticas e alegorias de caráter moral. Suas obras diferem dos artistas do período que trabalhavam temas bíblicos por não se limitar a ambientação da cena em espaços do cotidiano da época. Ele se apropria de elementos simbólicos, tanto cristãos como pagãos, provérbios populares, iluminuras, textos religiosos, canções, obscenidades, trocadilhos e até seres sobrenaturais. Suas imagens são traduções visuais de metáforas verbais, profundamente ligadas à linguagem, costumes e doutrinas de sua cultura. 
Tal contexto influenciou Bosch, em obras que mostram a tensa relação entre a moralidade cristã e o imaginário popular, de tom fantástico. As imagens de Bosch são enigmas visuais que tanto apresentam quanto ironizam a doutrina católica, ou melhor, o modo como as pessoas seguiam ou burlavam as verdades pregadas pela Igreja. Por isso a obra de Bosch é tão singular em relação à de outros artistas da época, até mesmo aqueles que viveram em cidades próximas.
É provável que Bosch tenha começado a pintar com sua família, pois o pai, avô e irmãos eram pintores e possuíam um atelier familiar. Recebeu encomendas tanto do clero quanto da nobreza e das ordens religiosas.  Procuravam nessas obras mais complexas um diferencial que lhes atribuísse mais prestígio.Bosch não utilizou a técnica meticulosa de Van Eyck e Weyden.


Texto readaptado por Luanna Azevedo, Mabel Alameida, Gecy Melo, Rosana Souza.

Gecy Melo
Luanna Azevedo
Mabel Almeida
Rosana Sou




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