(Para ler este post, leia o post de cima. Obrigada).
Ana Barroso, a quem afetuosamente conhecemos por Carol, está estudando história da arte e colocou em seu facebook a proposta
de que escrevêssemos o que nos viesse à cabeça ante a menção da expressão Renascimento.
No primeiro segundo, o que me veio à cabeça
foi Fênix, aquele tal passarinho que
ressurge de cinzas mitológicas, ou algo assim.
(Não é tentando me redimir, mas até que faz
sentido pensar em Fênix, se considerarmos que o Renascimento representa a arte
ressurgindo das cinzas da Idade Média - embora esteja em desuso reduzir a Idade Média a uma simplista noite dos mil anos.)
No segundo seguinte me lembrei das
Tartarugas Ninja: Leonardo, Michelangelo,
Rafael, Donatello. Sempre achei que faltava o Botticelli, mas talvez essa seja
a identidade secreta do Mestre Splinter, vai saber.
Mona Lisa de Da Vinci |
Só depois meus neurônios capricharam mais
na sinapse, e sacaram termos como Mona Lisa, Perspectiva, Itália, Humanismo, Da
Vinci, Capela Sistina, A Criação de Adão, a Última Ceia, afrescos, esculturas
de corpos sarados e eventualmente nus.
Pelo pouco que sei do assunto, o Renascimento
foi um movimento artístico fundamental para a evolução das técnicas de pintura,
escultura e afins, para a renovação temática e o aprimoramento estético. Foi
também a expressão artística da nascente classe burguesa, naquele longínquo
tempo em que ela se opunha aos privilégios da aristocracia, naturalmente reivindicando
a oportunidade de ter seus próprios privilégios. Foi, portanto,
o respaldo na esfera cultural de uma sociedade que estava emergindo do
feudalismo e entrando na idade moderna, assim como o mercantilismo na esfera
comercial, e o absolutismo na esfera política. Pronto, espremi os poucos resquícios
que tenho do ensino médio, ranço que não se lavou com a faculdade.
Sintonizado o dial da memória no período histórico adequado, fiquei me imaginando
no lugar da minha amiga Carol, tomando lições acadêmicas de história da arte...
Como se concentrar na perfeição formal dos Renascentistas, se a gente se
fascina mesmo é com as transgressões de Basquiat, os rabiscos de Miró, o dadá
de Duchamp, a pop art de Warhol, o orgânico de Vik Muniz, o surrealismo de
Dali, o tupiniquim de Tarsila...
A resposta talvez seja inverter a
questão. Assim: como se pensar na ruptura moderna e na desconstrução
pós-moderna da arte, sem considerar os grandes mestres do passado? Para se
desconstruir, é antecedente lógico existir o construído. Para que Duchamp, Dali
e Warhol tenham podido avacalhar a Mona Lisa, foi preciso que a Sra. Gioconda
tenha sido, com mérito e louvor, imortalizada na tela de Da Vinci. Foi preciso a
invenção da pintura em perspectiva, para que séculos depois Picasso a tenha
mandado às favas, adotando seu cubismo multiplicador. Etc, etc.
Mona Lisa de Dali |
Assim é que me vem certa inveja de não
estar lá no lugar da Ana Carol, pra que eu pudesse aprender um pouco sobre o
Renascimento, que me parece interessante pelo valor estético da arte
renascentista em si; pelo valor histórico na evolução cultural; e pelo deleite
de lembrar da escultura Pietà, de Michelangelo, ao ouvir a Pietà, de Milton
Nascimento. Pela graça de reconhecer na parede das casas mais simples a reprodução
da Última Ceia de Da Vinci, espremida entre uma gravura ordinária de paisagem e
o calendário do ano passado. Compadecer-se do que vitima La Gioconda,
seguramente a obra de arte mais conhecida e a criatura mais parodiada de todos
os tempos, inclusive no facebook, que foi onde, aliás, essa minha pequena digressão
teve início e tem fim.
Mona Lisa que circula no facebook |
OBS.: As lições de história da arte de
Ana Barroso e sua turma estão dando frutos no blog “Fragmentos da História da
Arte”.
Hendye Gracielle
Ótimas reflexões Ana Barroso!
ResponderExcluirSe todos passassem a compartilhar o pouco que sabe, o mundo possivelmente estaria mais "inteligente". Agora sim, deu a cara a tapa! Surtou, mergulhou, bebeu, provou e gostou...
Só Adriana para nos proporcionar esses momentos de loucuras, de êxtase, de sermos nós mesmos, Porque para mim, artista é ser o que somos, sem máscaras, sem hipocrisias...
Continue, estou surtando contigo. Manda ver!
EVERTON SANTOS PAIXÃO
A Novela da Seis da REDE GLOBO "Amor Eterno Amor" tem em sua abertura a imagem de uma Fênix que renasce das cinzas. Na mesma, acredito que o amor, é visto, sobre a lógica da eternidade. Assim, podemos dizer que o renascimento é um período atemporal? Depois que o homem conseguiu revolucionar o campo do pensamento, com sua liberdade de pensar, de inventar coisas, este não parou mais. Alguém consegue fazer alguma relação com o conteúdo abordado na novela das seis com o Renascimento?
ResponderExcluirGostaria de ver algumas respostas...
Vamos ver se a televisão nos educa!
EVERTON PAIXÃO