terça-feira, 10 de julho de 2012

Renascimento – Fênix, Mona Lisa e as Tartarugas Ninja

(Para ler este post, leia o post de cima. Obrigada).

Ana Barroso, a quem afetuosamente conhecemos por Carol, está estudando história da arte e colocou em seu facebook a proposta de que escrevêssemos o que nos viesse à cabeça ante a menção da expressão Renascimento.
No primeiro segundo, o que me veio à cabeça foi Fênix, aquele tal passarinho que ressurge de cinzas mitológicas, ou algo assim.
(Não é tentando me redimir, mas até que faz sentido pensar em Fênix, se considerarmos que o Renascimento representa a arte ressurgindo das cinzas da Idade Média - embora esteja em desuso reduzir a Idade Média a uma simplista noite dos mil anos.)
No segundo seguinte me lembrei das Tartarugas Ninja: Leonardo, Michelangelo, Rafael, Donatello. Sempre achei que faltava o Botticelli, mas talvez essa seja a identidade secreta do Mestre Splinter, vai saber.
Mona Lisa de Da Vinci
Só depois meus neurônios capricharam mais na sinapse, e sacaram termos como Mona Lisa, Perspectiva, Itália, Humanismo, Da Vinci, Capela Sistina, A Criação de Adão, a Última Ceia, afrescos, esculturas de corpos sarados e eventualmente nus.
Pelo pouco que sei do assunto, o Renascimento foi um movimento artístico fundamental para a evolução das técnicas de pintura, escultura e afins, para a renovação temática e o aprimoramento estético. Foi também a expressão artística da nascente classe burguesa, naquele longínquo tempo em que ela se opunha aos privilégios da aristocracia, naturalmente reivindicando a oportunidade de ter seus próprios privilégios. Foi, portanto, o respaldo na esfera cultural de uma sociedade que estava emergindo do feudalismo e entrando na idade moderna, assim como o mercantilismo na esfera comercial, e o absolutismo na esfera política. Pronto, espremi os poucos resquícios que tenho do ensino médio, ranço que não se lavou com a faculdade.
Sintonizado o dial da memória no período histórico adequado, fiquei me imaginando no lugar da minha amiga Carol, tomando lições acadêmicas de história da arte... Como se concentrar na perfeição formal dos Renascentistas, se a gente se fascina mesmo é com as transgressões de Basquiat, os rabiscos de Miró, o dadá de Duchamp, a pop art de Warhol, o orgânico de Vik Muniz, o surrealismo de Dali, o tupiniquim de Tarsila...
A resposta talvez seja inverter a questão. Assim: como se pensar na ruptura moderna e na desconstrução pós-moderna da arte, sem considerar os grandes mestres do passado? Para se desconstruir, é antecedente lógico existir o construído. Para que Duchamp, Dali e Warhol tenham podido avacalhar a Mona Lisa, foi preciso que a Sra. Gioconda tenha sido, com mérito e louvor, imortalizada na tela de Da Vinci. Foi preciso a invenção da pintura em perspectiva, para que séculos depois Picasso a tenha mandado às favas, adotando seu cubismo multiplicador. Etc, etc.
Mona Lisa de Dali
Assim é que me vem certa inveja de não estar lá no lugar da Ana Carol, pra que eu pudesse aprender um pouco sobre o Renascimento, que me parece interessante pelo valor estético da arte renascentista em si; pelo valor histórico na evolução cultural; e pelo deleite de lembrar da escultura Pietà, de Michelangelo, ao ouvir a Pietà, de Milton Nascimento. Pela graça de reconhecer na parede das casas mais simples a reprodução da Última Ceia de Da Vinci, espremida entre uma gravura ordinária de paisagem e o calendário do ano passado. Compadecer-se do que vitima La Gioconda, seguramente a obra de arte mais conhecida e a criatura mais parodiada de todos os tempos, inclusive no facebook, que foi onde, aliás, essa minha pequena digressão teve início e tem fim.
Mona Lisa que circula no facebook
OBS.: As lições de história da arte de Ana Barroso e sua turma estão dando frutos no blog “Fragmentos da História da Arte”.

Aqui: http://fragmentosdahistoriadaarte.blogspot.com.br/

 

2 comentários:

  1. Ótimas reflexões Ana Barroso!
    Se todos passassem a compartilhar o pouco que sabe, o mundo possivelmente estaria mais "inteligente". Agora sim, deu a cara a tapa! Surtou, mergulhou, bebeu, provou e gostou...
    Só Adriana para nos proporcionar esses momentos de loucuras, de êxtase, de sermos nós mesmos, Porque para mim, artista é ser o que somos, sem máscaras, sem hipocrisias...
    Continue, estou surtando contigo. Manda ver!

    EVERTON SANTOS PAIXÃO

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  2. A Novela da Seis da REDE GLOBO "Amor Eterno Amor" tem em sua abertura a imagem de uma Fênix que renasce das cinzas. Na mesma, acredito que o amor, é visto, sobre a lógica da eternidade. Assim, podemos dizer que o renascimento é um período atemporal? Depois que o homem conseguiu revolucionar o campo do pensamento, com sua liberdade de pensar, de inventar coisas, este não parou mais. Alguém consegue fazer alguma relação com o conteúdo abordado na novela das seis com o Renascimento?
    Gostaria de ver algumas respostas...
    Vamos ver se a televisão nos educa!

    EVERTON PAIXÃO

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