Nos séculos XIV e XV, cresce a admiração pelos clássicos e o culto ao ser humano. Donatello foi um grande escultor, que introduziu o humanismo, precedendo o naturalismo e a glorificação do nu. Na escultura renascentista, desempenham um papel decisivo o estudo das proporções antigas e a inclusão da perspectiva geométrica. As figuras, até então relegadas ao plano de meros elementos decorativos da arquitetura, vão adquirindo pouco a pouco total independência.
Já desvinculadas da parede, são colocadas em um nicho, para finalmente mostrarem-se livres, apoiadas numa base que permite sua observação de todos os ângulos possíveis.
O estudo das posturas corporais traz como resultado esculturas que se sustentam sobre as próprias pernas, num equilíbrio perfeito, graças à posição do compasso (ambas abertas) ou do contraposto (uma perna na frente e a outra, ligeiramente para trás).
As vestes reduzem-se à expressão mínima, e suas pregas são utilizadas apenas para acentuar o dinamismo, revelando uma figura humana de músculos levemente torneados e de proporções perfeitas.
Outro gênero dentro da escultura que também acaba sendo beneficiado pela aplicação dos conhecimentos da perspectiva é o baixo-relevo (escultura sobre o plano). Empregando uma técnica denominada schiacciato, Donatello posiciona suas figuras a distâncias precisas, de tal maneira que elas parecem vir de um espaço interno para a superfície, proporcionando uma ilusão de distância, algo
inédito até então.
Desse modo, ao mesmo tempo que se torna totalmente independente da arquitetura, a escultura adquire importância e tamanho. Reflexo disso são as primeiras estátuas eqüestres que dominam as praças italianas e os grandiosos monumentos funerários que coroam as igrejas. Pela primeira vez na história, sem necessidade de recorrer a desculpas que justificassem sua encomenda e execução, a arte adquire proporções sagradas.
Principais Características:
- Buscavam representar o homem tal como ele é na realidade
- Proporção da figura mantendo a sua relação com a realidade
- Profundidade e perspectiva
- Estudo do corpo e do caráter humano
O “Davi” de Donatello é feito de bronze e considerado o primeiro nu
artístico com notável inspiração helênica.
Donatello recuperou a descoberta da escultura clássica e do contrapostto (peso
concentrado numa das pernas e resto do corpo em relaxamento, ligeiramente
virado para um lado). Esculpia e drapeava as figuras com realismo, de acordo com
a estrutura óssea.
Sua primeira escultura de Davi, feita de mármore, estava vestida como, aliás, esperava-
se. Mas a estátua de bronze, criada depois, estava nua (mais ou menos). O corpo nu de
um rapaz adolescente ressalta entre o chapéu e as botas, bastante erótico (e até mesmo
homoerótico).
Com sua mão direita segura o cabo de afiada espada, na direita,
uma pedra e sua bota esquerda pisa a cabeça decepada de Golias.
Pedaços do capacete do gigante escorregam do lado interno da
coxa de Davi. O relevo da parte do capacete que protege o rostorepresenta o triunfo do Amor (cf. Schneider 1973; 1976;)1996:186-9
Obra citada: SCHNEIDER, Laurie. 1973. "Donatello's Bronze David."
Art Bulletin 15: 213-16.
Notas: www.metodista.br/.../a-tentativa-de-cobrir-davi-da-piazza-della-signo...
outras referências:
www.historiadaarte.com.br
http://pt.wikipedia.org/wiki/Renascimento
http://www.suapesquisa.com/renascimento/
http://www.historianet.com.br/conteudo/default.aspx?codigo=191
http://www.nomismatike.hpg.com.br/Renascimento.html
Minhas reflexões:
Ao analisar a representação da escultura de Davi, tanto de Donatello como de Michelangelo, através do estudo de alguns autores, pude perceber que a maneira que o nu era encarada por algumas pessoas era dotada de determinado pudor. (Essa é minha visão pessoal).
Trazendo para a realidade dos dias atuais, faço uma comparação com o teatro, e me questiono: Por que muitas pessoas não conseguem encarar o nu com mais maturidade? Porque muitos ao assistir a uma peça e se deparar com o nu se assustam? Por que uma obra de arte, seja ela escultura, dança, performance, teatro... muitas são vistas com maus olhos apenas pela representação da nudez?
Convido o público leitor para debate dessas questões que me inquietam...
Nágella Almeida
Querida, o texto está pouco convidativo. Coloque algumas ilustrações e divida melhor o texto. Ainda não li, só estou comentando a estética. Já já vou ler e comento o conteúdo. Drica
ResponderExcluirEntão Nágella, essa coisa do Nu, perdura a tantos anos né? Saiba que sou um fã de Zé Celso, não pelo nu simplesmente, mas pela Transgressão em si, na minha humilde opinião Zé Celso é um Artaut dos nossos tempos e de NOSSAS TERRAS!!!
ResponderExcluirMas voltando ao nu... Cultura né? primeiro a gente esconde o corpo por motivos climáticos, o ser humano é um ser"zinnho" muito frágil, daí, as vestes é algo normal, daí entra outras influências dizendo que ficar sem roupa é ERRADO!
Pronto, a gente aprende que o Nu é Errado!
Mais tarde (eu acho), o ser humano entende que ficar nu é coisa do DIABO, que o corpo é um mero RECEPTÁCULO do verdadeiro sentido da VIDA! O Espírito, daí o ser humano (estou falando de uma cultura ocidental, específica, estou falando de nosso querido, amado, benevolente, justo, CORRETO Cristianismo e demais religiões de mesmo cunho, acho que estou falando do Teocentrismo) [que parenteses grande]... Daí o ser humano começa a CRIMINALIZAR O CORPO! Mas no fundo, o Ser humano sabe que o CORPO é em SI, VIDA! Daí, por algum motivo (não sei qual)o Homem (masculino) começa a "entender" que é mais forte que o Homem (feminino), começa a partir daí massacrar sua própria espécie.
Rapaz, eu acho que fui longe aqui, eu preciso voltar à Nudez...
Então Nágella, a nudez ainda é vista como algo ruim, sabe o que penso sobre isso?
MASSA!!! Esta é uma das coisas que a Arte transgride, ela nos permite refletir sobre nossos costumes, sobre nossos corpos... Não adianta mais chorar sobre o leite derramado, o que a gente pode fazer é secar esse leite, ou jogar mais no chão, ou jogar chá junto ao leite, ou café (entendem essa metáfora?).
É comum ouvir dos colegas da faculdade (principalmente nossos professores), O Nu é belo, mas usar a Nudez pela nudez apenas é frágil, blá, blá, blá... Sim! Beleza, esta é mais uma "verdade" que existe no meio crítico (da obra de Arte), Se a gente não tivesse essa cultura do NUDEZ/COISA DO INFERNO, se a Nudez foi algo bem comum em nossa sociedade, se pudéssemos andar nu pelas ruas. Essa "Verdade" seria outra... Ou seja, Nós ARTISTAS somos impregnados por conceitos culturais, que muitas vezes acidamente os criticamos. Existem também aqueles que realmente acham que o nu é coisa do DIABO (ou coisas do tipo), não acho isso legal, mas é um DIREITO dessas pessoas, pensar o que quiser. Eu sigo a filosofia que existe lugar pra todo mundo. Só não sabemos dividir (AINDA).
Eu viajei d+?
Obrigada pela ótima contribuição Matheus! Acho tuas opiniões muito instigantes e reflexivas, me faz perceber que nós artistas temos que entender as diferentes maneiras que cada um encara o nu nas mais diversas linguagens artisticas. Mas acredito que determinado preconceito que as vezes enfrentamos em relação ao nu artistico, não pode ser considerado como algo compreensível devido a visão pessoal de cada um...
ResponderExcluirNágella
É isso!!! é justamente disso que eu estou falando! A visão pessoal de cada um.
ResponderExcluirMas como é isso de visão pessoal? O pessoal hoje (e sempre) é muito relativo, relativo não, na verdade a opinião pessoal das pessoas é muito forjada, usurpada, por algo maior, o que? e porque? Ruumm, isso aí é muita discussão...
Querida, só agora pude ler - e dar uma mexida no post (sem conseguir ainda tirar a tarja branca). Gostei muito da ideia que vc aborda já nas suas considerações - e bem brevemente, poderia ter falado mais - sobre o dois maiores escultores do Renascimento terem criados seus Davis. As informações que vc traz são importantíssimas, porque versam sobre o exercício prático de Donatello em consonância com a época em que ele vive. São informações bem preciosas para a gente entender porque ele fez o que fez e porque a obra dessa galera é tão famosa. Porque eles mudaram todos os paradigmas, não só do fazer, mas também do olhar. Lembro-me de ter trabalhado com o 5º semestre agora um texto que fala sobre Marx e o que ele define como educação do olhar a partir da obra de arte, assim como a música educa o ouvido. Por isso, mais do que mudar a forma de fazer arte, a perspectiva muda a forma de vermos as coisas. E aí eu pulo pra problematização sobre o nu no teatro. E concordo com Tuzza, de que é uma herança moralista e cristão que vem desde a Idade Media. Na tradição grega, recuperada pelos renascentistas, o nu não era motivo de tabu (os jogos Olímpicos eram realizados com os jogadores nus (que delícia!). Infelizmente o Renscimento não foi suficiente para mudar as nossas mentes, apesar de ter mudado muita coisa na filosofia e na ciência. Abraçso, querida. Gostei muito do post. Mais uma vez, registro que sinto falta das imagens, se vc puder pegar a ajuda de alguém, ainda dá tempo.
ResponderExcluirNágela, gostei muito das suas contribuições. Essa questão da nudez é mesmo cultural, é algo que já está posto e enraizado em nós, mas como sabemos a arte é transgressora, não é? Tanto que o nu está aí: nos palcos, nas pinturas, nos filmes, nas novelas, revistas. Mas ainda assim, critico o modo como essa nudez tem sido colocada na arte (pura opinião). Colocar pessoas nuas no palco por pura bilheteria não rola. Assisti a um vídeo com dançarinos nus e foi lindo! Mas também assiti AS BACANTES e não gostei nada. Talvez seja mesmo esse ranço medieval que a pró falou, não ligo. E o corpo, Tuzza, para os cristãos é a morada do Espírito Santo, por isso o cuidado, o pudor. Mas até para os não cristãos, a nudez não é para estar em toda a parte e ás vezes representa o se mostrar, se revelar, é deixar a vista seus atributos ou suas vergonhas, é o lugar da intimidade, da fragilidade. Mas acho que tanto do ponto de vista de quem faz e de quem assiste, isso vai mudar, o olhar será deslocado para outros lugares.Mas mesmo assim, tá valendo. O que não valé é não saber porque faz.Lembrei de Valtinho (V semestre), o transgressor em Me segura q' eu vou dar um troço" que usou da nu para criticar, escancarar, denunciar e pisar nos preconceitos ao teatro. Viva a arte! Viva o nu! Mentira kkkkkkkkkkkk adoro roupas.
ResponderExcluirIone
Q honra ter vc aqui Ione! A maneira como o nú é demonsttrada no palco realmente é alvo de grandes questionamentos, já que em muitas vezes se tornam também muito apelativo...
ResponderExcluirGostei do exemplo que voçê deu ao mencionar o seu colega Valter, foi muito interessante poder ver essa cena também.
Obrigada pela visita, apareça mais vezes!
Nágella Almeida
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirAs vezes acho que muitos "artistas" são movidos pelo senso de revolução, acham que podem radicalizar, mudando assim o mundo.E isso é muito bom! Afinal, estamos aqui para quebrar tabus, incomodar essa sociedade que tem preguiça de pensar! Fico preocupado, as vezes, por que muitos artistas ainda não conseguem adequar as suas reflexões ao contexto que vivem. Analisar as diferentes possibilidades de aceitação e de recusa são faces de uma mesma moeda.Assim, não quero ser crucial por isso, vou analisar aqui, o que acho pertinente falar.Fica difícil compreender certas atitudes, pois, não podemos achar que algumas das nossas concepções artísticas devem ser encaradas com naturalidade pelas pessoas, ainda mais poque vivemos numa democracia.As pessoas tem o direito de achar o que quiserem, mesmo, que seu pensamento venha da religião, da cultura, do meio social, do escambal. Quando agente analisa que o nu é deveria ser "normal" nós recorremos ao conhecimento/intelectual para entender certas coisas que giram em torno de nós mesmos como artistas.Ai pergunto nós não fomos influenciados por alguém? que o nu é visto como muito preconceito, isso é um fato. Sentir é um fato, pensar é um ato. O contexto tem que ser levado em consideração, não tem como agente achar que certas coisas,devam ser apreciadas da mesma maneira pelas pessoas, entra aí o fator cultural(Diferenças que advêm do contato ou não contato com aquilo que se propõe pelo artista).Outro problemática, em torno do ator, é o fato do beijo gay, ainda considerado como tabu, principalmente quando há uma recusa do mesmo em realiza-lo. A pergunta que faço: a pessoa estará sendo menos artista quando não realiza um beijo gay? Porque agente acha que o artista tem que fazer tudo? Quer dizer... se Tony Ramos,ator global, dizer que não beija um outro homem, deixará de ser um ótimo ator? Sim, vivemos numa democracia, temos o direito de nos expressarmos, mas é preciso se ter o senso do equilíbrio, pois, o artista vive desse contato entre público e platéia e certas coisas, as vezes colocam o artista com maus olhos na sociedade. Claro que não estamos aqui para nos submetermos aos caprichos da sociedade, estamos aqui para perturbar esse sistema "escravista" que oprime e degrine muitas vezes a figura do artista mesmo que disfarçadamente ou não, restringindo este a aspectos "banais". O artista que não incomoda e desperta a sociedade para reflexão, para mim, não é artista. Outra questão que queria abordar, seria o padrão do corpo do dançarino XXI, que tem mudando em função dos conceitos de corpo na contemporaneidade. Antes,o dançarino, era visto, como aquele que era magrinho, musculoso,virtuoso, isso era uma condição estereotipada que só dava condições a uma massa para dançar. E hoje, na contemporaneidade? O que é dança? O que é o dançarino? São vários conceitos e problematizações que giram em torno deste, cada um defende sua visão sobre dança, só sei que o importante não é julgar pelo nosso gosto estético, é preciso entender os critérios que foram utilizados para que o artista concebesse tal obra ou esteja inserido. Afinal de contas quem detêm a verdade e o conhecimento absoluto?
ResponderExcluirEVERTON SANTOS PAIXÃO
Gostei muito de seus conceitos Éverton! Mostra a inquietação problematizadora que existe dentro de voçê, no qual eu admiro muito. É interessante, quando voçê dar o exemplo do beijo gay, que é visto com maus olhos através de muitos da sociedade... Só queria, que se possível, voçê me esclarecesse alguns questionamentos, pois diante de tuas criativas palavras, percebo que ao mesmo tempo que voçê considera que é preciso quebrar tabus, um artista não precisa disso ( do beijo gay) para ser reconhecido,ou seja, parece um pouco contraditória a relação.
ResponderExcluirObrigada por trazer mais uma idéia critica, que merece uma especial atençao...
Seja sempre bem vindo! Voçê deu uma ótima contribuição!!!
Nágella Almeida
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirAcredito que não há um modelo pronto a ser seguido. Cada cabeça uma sentença, como se diz por aí. O que acho importante, é que o artista, tenha o direito de escolha para poder fazer o que quiser. E mesmo se recusando isso não os desmerece e nem o coloca como preconceito, pois, se levarmos em conta que em todas as profissões existentes não devemos nos submeter a tudo, porque com a arte seria diferente? A arte que nós fazemos precisa ser respeitada, nem por isso, temos que ficar o tempo todo querendo realizar um beijo gay, ou tirar a roupa". Temos que entender que essas situações sempre vão ser polêmicas, ainda mais se levarmos em conta os aspectos culturais e os princípios religiosos que ainda tem uma grande relevância no pensamento do homem moderno XXI, e que provêm da Idade Média( PecadoxCéu).Na Grécia seria até "normal", mas não estamos falando de Grécia e sim de uma cultural ocidental que foi construída em princípios religiosos muito fortes.Enfim,é cruel as pessoas achar que a "nossa arte" é banal sem ao menos conhece-la, como também seria banal que os artistas achem que todos podem nos acolher perante esse contexto do "nu", que mais uma vez se mostrou tão presente no período do Renascimento. Quando olhamos para o renascimento percebemos o quanto essa prática do nu, repercutiu polemicamente, mesmo fazendo parte da vida cotidiana, a arte é assim,transgride, mas aos primeiros passos tende a tropeçar.Fica aí uma luta para nós artistas rever ao longo do nosso processo de vida artística.A leitura depende de cada um não é mesmo? O que é ser artista para mim? Tenho que pensar. Aguarde algumas considerações mais tarde, vou procurar referências sobre esse assunto, se não ficamos redundante . Só passei aqui para problematizar! kkkkkkkkkkk
ResponderExcluirEVERTON PAIXÃO
Éverton, voçê aguçou minha curiosidade mais ainda (risos)! Achei instigante a expressão "A arte que nós fazemos precisa ser respeitada, nem por isso, temos que ficar o tempo todo querendo realizar um beijo gay, ou tirar a roupa". Como assim?
ResponderExcluirTuas reflexões críticas serão sempre bem-vindas!!!
Agradeço sua atenção!
Nágela Almeida